Mas a vida dessa comunidade está alterada definitivamente.

- Coisa que agente naquele tempo não sabia, hoje agente vê, aparece tanta coisa que agente não sabia, hoje tem tanta coisa aí. Até as crianças na escola tão aprendendo coisas que eu não aprendi, né.
- Naquele tempo era muito mais legal. Eu vinha do Caixadaço de lá, aqui fora eu já não ando mais daqui lá sozinha, tenho cisma de andar. Antes passava lá naquele costão, eu passava lá sozinha. Pra lá e pra cá, no tempo que eu morava lá, eu lembro que vinha na casa do meu avô aqui fora, passava naquele costão ora vezes, hoje não passo nem sozinha com meu corpo quanto mais com carga. Não ando daqui lá sozinha não. Não vou. Tenho medo dos cachorros e a mordida se leva uma mordida fica aí. Na casa que tem cachorro não vou não. Um dia fui pra lá sozinha, a coragem dava, hoje não vou. Ia pra lá não enxergava um pé de gente por esse caminho. Eu ia com a coragem que Deus me dava, tinha a minha roça tinha milho, tinha feijão, o feijão ainda deixei lá, não tinha mais coragem de ir lá buscar. Só trabalho em casa. Eu gostava da roça e acho bonito quem trabalha na roça. E a roça parece canseira mas não é porque agente fica contente, vinha da roça contente, vinha da roça contente sim senhor, eu vinha da roça contente. Mas dentro de casa agente fica acanhado, né. É um trabalho acanhado. Minha irmã trabalha dentro de casa minha irmã Maria, eu era na roça, ia pra roça com meu pai, vinha de tardizinha, no serão. Eu hoje tenho saudade da roça, tenho vontade de trabalhar lá.