Depoimento



A vida na praia era marcada por uma certa homogeneidade cultural e social gerada pela inexistência de uma sociedade de classes.

- Mas não tinha esse negócio de rico. Todo mundo era uma coisa só. Só tinha algumas pessoas. Na vida que trabalhavam, não gastavam o que ganhavam.


Então tinha mais coisas.


Todo mundo tinha lugar pra morar, todo mundo fazia o que queria de pescar, fazer roça.





No período de 1909 a 1947, época do nascimento das mulheres em estudo, Trindade apresenta uma população majoritária de lavradores, como consta no Cartório de Registros Civil de Pessoas Naturais de Paraty. Em um total de 323 registros, lavradores (311) é a ocupação dos pais mais registrada, com 12 pescadores.

"Os caiçaras viviam a mercê dos grandes ciclos da natureza, em particular o das águas.O conhecimento dos movimentos das marés era essencial aos pescadores, indicando o lugar a hora para o lançamento da rede. O conhecimento tradicional também se revelava no respeito às fases da lua, para o corte de madeira e para o plantio.
A pesca como a agricultura era dividida em duas estações principais: a do verão, novembro a abril, estação das chuvas. E a do tempo frio com a pesca da Tainha que desempenhou papel importante até os anos sessenta. Toda a comunidade era chamada a participar da puxada de rede na praia. O excedente da pesca era salgado e seco, sendo trocado por outros bens." DIEGUES, A . C. - Diversidades biológicas e culturais tradicionais litorâneas: o caso das comunidades caiçaras. IOUS/F. Ford. UICN. S.P. 1988.P.23