Até recentemente (década de 60) todas as atividades humanas significativas como: alimentação, sexualidade, trabalho e educação, presente nesse grupo, fazendo parte dessa sociedade estruturando-a nas ações do cotidiano, não recebia interferências externas às suas práticas. Com ausência da economia monetária, a vida dessa comunidade era regulada pela atividade de subsistência ligada aos ciclos da pesca e do plantio, sendo a característica das relações sociais, o parentesco, os rituais e a religião.
Transformações vêm ocorrendo resultantes da entrada de novos valores, modificando hábitos locais, assemelhando-se a história desse grupo a história universal da evolução da humanidade, em suas lutas econômicas, sociais e culturais.
O espaço geográfico tem um significado importante. A movimentação e localização dos grupos familiares nos espaços ocupados dentro das posses, onde limite era determinado pela necessidade de plantio, ou construção de uma nova moradia, quando ocorriam casamentos, desaparece, frente a realidade atual, alterada que foi com a tentativa de expulsão dos habitantes originalmente nativos.
A especulação imobiliária, ocorrida no litoral da Sudeste brasileiro a partir da década de 70, teve um impacto significativo no grupo estudado. “Políticos sem escrúpulos, especuladores imobiliários, empresas multinacionais e pessoas ricas a procura de “paraísos” para recreação descobriram o Litoral Norte paulista e Sul fluminense. Foi o começo do genocídio(morte física), acompanhada do etnocídio (morte cultural) dos caiçaras e de agrupamentos de índios guaranis existente na região” (DALLARI,1984).
Aglutinados anteriormente em sítios, em habitações conjuntas - familiar, essa população teve seu espaço reestruturado ( desestruturado? ) na luta pela reintegração da posse da terra ocorrida entre a década de 70 e o início da década de 80.